Itaúnas – ES, um pé na terra e outro na areia
Pouca gente já ouviu falar dessa pequena vila ao norte do Espírito Santo, quase chegando na Bahia. Descrever Itaúnas é como descrever uma pintura: uma pequena igrejinha que fica de frente a uma praça toda gramada, ao redor da praça algum comércio, a padoka, a pizzaria, o forró, alguns pequenos bares e restaurantes, os banquinhos de madeira para conversar e o “tronco” que fica bem no meio da praça. Duas ruas mais largas, e algumas que a cortam, todas de terra batida.
Essa simplicidade toda é que dá todo o charme que Itaúnas tem. Um lugar que parece ter parado no tempo, não só pelas ruas de terra e comércio simples, mas pela vida pacata que o povo dali ainda vive. Crianças jogando bola pelas ruas, trabalhadores se locomovendo de bicicleta, vendinhas que ainda anotam as compras no caderninho. Ali a vida parece que passa sem pressa.
Quando iniciamos nossa procura por um lugar para dormir, em algumas pousadas próximas da praça, percebemos a tranquilidade e desprendimento do povo. Algumas pousadas ficavam ali abertas, sem ninguém para atender, e quando você perguntava na rua se conheciam a pessoa da pousada um gritava de lá: “pode entrar, a chave dos quartos está na porta, pode entrar e ver se gosta”. E continuamos caminhando até encontrarmos um menino passando de bicicleta que nos indicou sua mãe, “Ela tem quartos para alugar”. E foi assim que chegamos ao Anderson, irmão do menino, que aluga suítes em Itaúnas. O turismo ali é fraco durante o ano, mas o agito mesmo está no mês de julho, mês que a pequena vila se torna a Capital do Forró, e na alta temporada.
A vila possui o Parque Estadual de Itaúnas, que a partir de trilhas chegamos às dunas e praias de Itaúnas. Aliás, Itaúnas tem uma história muito interessante, a antiga vila ficava mais próxima do mar, mas a população começou a desmatar próximo às dunas e aos poucos o povoado foi soterrado pelas areias. Hoje o local da antiga vila é coberto por dunas e a população refez a vila um pouco mais afastada do mar.
Para chegar até lá são mais de 23 km de estrada de terra a partir da cidade de Conceição da Barra. O acesso não é muito fácil não, mas dá para ser feito tranquilamente em carro de passeio, caso não tenha chovido, pois a estrada é relativamente boa. Chegando perto há um simples portal, informando que você chegou e dando as boas-vindas aos visitantes. As duas ruas principais paralelas não vão te deixar se perder, chegando ao final da rua, umas quatro ou cinco quadras a frente da entrada, você já estará na praça gramada principal, em frente à igrejinha.
Além de curtir o sossego em uma das pousadas ou suítes disponíveis, caminhe pelas ruas de terra para tomar um café na Padoka do Klebinho ou ir a um dos restaurantes tomar uma bebida e comer bem a preço justo. Mais tarde tem forró, ou no Café Forró ou no Toca do Tatu. Cada dia num lugar diferente, e começa sempre tarde para que todos possam ir, inclusive os que trabalham nos restaurantes e pousadas.
Para ter acesso às praias e às dunas, será preciso passar a ponte do Parque Estadual de Itaúnas e seguir a pé pelas trilhas. Há algumas opções de trilhas próximas à vila. A primeira é uma caminhada de cerca de 1500 metros entre mata e mangue, no finalzinho uma corda ajuda você a subir uma duna de areia até chegar a uma faixa grande e areia branca e quente até chegar na água. Praias largas, de águas turvas e limpas. Para um pôr do sol incrível, vá para as dunas no finalzinho do dia seguindo pela estrada do parque, quando avistar as dunas a direita, estacione a frente e se aventure.
Se estiver de carro, e tiver disposição, pode seguir a estrada por mais 16 km e ir até Riacho Doce. Nós fomos, a praia não foi nada de muito incrível, mas o caminho de árvores até chegar lá foi de encher os olhos. Detalhe curioso são as plaquinhas de sinalização por toda a estrada, com frases divertidas como: “Travessia de formigas” ou, “Curvas da Elisa Lucinda, Cuidado”, ou até “Vai Devagar Doidão”.
Itaúnas nos encantou por todo esse conjunto, vila pacata de interior, com trilhas, praias, povo acolhedor e divertido. Quer curtir algo totalmente fora do roteiro convencional? Vá a Itaúnas. E se quiser mais agito vá em julho, no festival do forró. Nós ficamos com muita vontade de voltar. Se o local é calmo mesmo? Quando estávamos quase indo embora resolvemos passar nos correios para postar uma carta e nos deparamos com o seguinte bilhete: “Fui ao hospital pois não estava me sentindo bem, volto mais tarde”! Ficamos preocupados.
Super dicas:
– Como chegar: Para chegar a Itaúnas, que é uma vila da cidade de Conceição da Barra, a partir de Vitória são 270 km, siga em direção a São Mateus, logo depois siga para a cidade de Conceição da Barra e quase chegando lá já haverá placas para a estradinha de 23 km de terra para Itaúnas.
– Onde ficar: Nós ficamos numa das suítes do Anderson, um rapaz super gente boa. As suítes são bem simples, nos fundos da casa da mãe dele, mas são limpinhas e acolhedoras. Se quiser ficar lá é só ligar para ele (27) 99744-5261 . Ah, esqueceu de levar dinheiro? Na vila não há banco, mas o Anderson é tão gente boa que passamos o cartão na vendinha, e ele ficou com o crédito para suas compras.
– Onde ir: Um barzinho com música ambiente bacana, porção bem servida e deliciosa bem na frente da praça para ver o movimento? Bar do Cizinho.
– Imperdível: Passar pelo parque para ir até as dunas é realmente imperdível. O Pôr do sol de lá é de tirar o fôlego. Na praia tem pouca estrutura mas tem alguns bares, e como a caminhada é longa, difícil levar muita coisa, melhor levar o mínimo na sacola.
Mais imagens que marcaram neste destino:
Esse lugar é um dos mais marcantes pra mim. Um Mundo dentro de outro mundo.
Adorei a experiência e detalhamento de vocês, me senti lá de novo.
Vlwww!!!!!!