Chapada Diamantina, um mundo de possibilidades
Uma viagem de cerca de 450 km, rumo ao sertão da Bahia, nos leva de Salvador à região da Chapada Diamantina. Para quem, como nós, pensava chegar em um pequeno vilarejo, nos deparamos com um mundo de possibilidades. Uma imensidão de belezas quase intocadas e de paisagens paradisíacas, prova de que a natureza realmente é maravilhosa e nos surpreende a cada momento. Estar ali foi uma experiência única, de descobertas de belezas naturais e, muito mais que isso, de descobertas pessoais, a cada novo lugar uma nova aventura e uma nova superação do corpo e da mente. Escolher um roteiro, descobrir e traçar seu caminho sem placas para ajudar a guiar, ao chegar, encarar leves ou intensas caminhadas, escaladas, se rastejar dentro de uma caverna e até flutuar num poço de 40 metros. Sim, um mundo de possibilidades.
Fomos direto para a cidade de Lençóis, pois pesquisamos que dali era possível conhecer os principais pontos da Chapada e que ali havia a melhor estrutura para os turistas. Trata-se de uma cidadezinha muito aconchegante, com opções de pousadas, restaurantes e bares que misturam simplicidade e charme, tudo para receber bem seus visitantes. Assim que chegamos fomos direto para o Centro de Informações ao Turista, lá tiramos algumas dúvidas sobre os pontos turísticos a serem visitados, pegamos o mapa da cidade e recebemos a informação de que TODOS os passeios deveriam ser feitos com a contratação de um guia local, devido à complexidade de se chegar às atrações.
Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina – BA, by Luciana de Paula, 2016
De lá passamos em algumas agências, para verificar os valores dos passeios, R$ 180 por pessoa para as atrações mais próximas a Lençóis, e na Associação de Guias, para verificar o custo deste serviço que é de R$ 130 a diária. Chegamos à seguinte conclusão, se contratarmos as agências ou o guia para todos os lugares que gostaríamos de conhecer, somados ainda aos valores das entradas pagos em todas as atrações, nossa #voltinhapelobrasil ia acabar na Chapada Diamantina. Sim, tudo custa, não queremos desmerecer o trabalho dos guias, para quem tem condições achamos que é superbacana ter alguém que conheça a região para acompanhar, mostrar os caminhos, contar as histórias e tal, mas para quem tem o orçamento curto, esse serviço torna-se inviável.
Fomos para a pousada, que aliás gostamos muito, a Pousada Amarela, que fica logo na entrada de Lençóis, na rua que curiosamente se chama Vai quem Quer, ao lado da Igreja. Lá conhecemos a Cristina e o Gilson, os simpáticos donos que nos acolheram muito bem e que, quando compartilhamos que não poderíamos pagar por guias em todos os passeios, nos ajudaram com muitas dicas e sugestões sobre a região. E é preciso muitas dicas mesmo, principalmente para chegar até as atrações da Chapada Diamantina, além de ser tudo distante, não há quase sinalizações o que dificulta e muito qualquer forasteiro de chegar seja onde for.
A Chapada é imensa, e tudo acaba sendo bem longe. Nossa referência de passeios eram os parques que visitamos e até já contamos as histórias aqui como o Parnaso, em Teresópolis, Ibitipoca ou até o Alto do Caparaó. Mas a Chapada não é um Parque, são vários parques juntos, são mais de 28 municípios, que juntos somam mais de 1500 km2 de paraíso. E para chegar nos destinos um carro é essencial, seja o seu, o do guia ou da agência de turismo. E foi compreendendo toda essa grandeza, somada às dicas que recebemos dos donos da pousada e dos amigos que fizemos pela cidade, que montamos nosso próprio roteiro e vamos compartilhar detalhadamente.
Montamos nossa agenda a partir de nosso interesse pessoal e das dicas que recebemos. Havíamos programado ficar ali três noites, acabamos ficando cinco, mas, para conhecermos tudo que tínhamos vontade, teríamos que ter ficado dez ou mais. Algumas atrações não fomos por estarem “inativas”, como a Cachoeira da Fumaça que estava seca pela falta de chuvas, ou pelo grande grau de dificuldade como a travessia do Vale do Pati que chega a levar até 4 dias. Então optamos por escolher o que nos era mais diferente, como as grutas, ou o que realmente os moradores ou amigos nos disseram ser os grandes diferenciais como a Cachoeira do Mosquito e a inigualável Cachoeira do Buracão.
Cada dia foi traçado a partir das localizações e atrações, vamos detalhar uma a uma das nossas experiências e dar dicas de como chegar e como aproveitar melhor cada uma delas. Que fique claro aqui que não queremos ir contra ou estimular a não contratação de guias, apenas iremos dar dicas para aqueles que, como nós, preferem desbravar e se aventurar na busca de lugares novos e, claro economizar um pouco para poder ter mais momentos de alegria.
Nossa agenda na Chapada foi:
Dia 1 – Viajar de Salvador até Lençóis, compreender a região, traçar as aventuras a partir das dicas e da realidade da região, curtir a noite de Lençóis.
Dia 2 – Cachoeira do Mosquito, Pratinha e Morro do Pai Inácio.
Dia 3 – Gruta Torrinha, Rio Mucugezinho e Poço do Diabo.
Dia 4 – Poço Encantado, Poço Azul e cidade de Ibicoara.
Dia 5 – Cachoeira do Buracão e cidade de Mucugê.
Dia 1
De Salvador para Lençóis
O caminho de Salvador para Lençóis é bastante tranquilo. A rodovia BR-242 não é duplicada, mas a estrada está boa. O único problema é o grande fluxo de caminhões que seguem rumo à Brasília ou outras regiões do centro-oeste do país. Eles acabam atrasando um pouco a viagem pois a ultrapassagem em trecho simples é perigosa e os caminhões em alguns trechos não ultrapassam 20 ou 40 km/h.
Já em Lençóis, a vila é pequena e muito fácil de se locomover tanto de carro quanto a pé. Logo na entrada da vilinha estão: o Centro de Informações Turísticas, as Agências de Turismo e a Associação de Guias, ou seja, tudo que você precisa para tirar todas as suas dúvidas e poder montar um roteiro para sua estadia na Chapada Diamantina.
A vila de Lençóis é muito charmosa, principalmente à noite, pois além de bem iluminada, os restaurantes e bares colocam suas mesinhas nas ruas de paralelepípedo para atrair os turistas que param ali para comer, conversar e curtir as ótimas opções de música ao vivo. Nós fomos no bistrô Salada Brasil no primeiro dia e no Bodega no segundo dia. A primeiro tem ótimas porções e o Levi, um carioca muito simpático que nos deu várias dicas da região.
Dia 2
Cachoeira do Mosquito
Logo pela manhã, e bem orientados com as dicas da dona da pousada, fomos para a Cachoeira do Mosquito. Para chegar lá, se estiver de carro, é fácil: saia de Lençóis para a BR-242 por 12 km, depois vire à direita já na BR-242 sentido Salvador por 8 km. Fique atento pois a saída fica à esquerda, há uma placa sinalizando o Complexo Turístico Fazenda Santo Antônio. Pegue a estradinha de terra por cerca de 13 km, ela não é muito ruim não, pelo menos sem chuva. Há placas indicando o caminho… assim que passar por um “mata burro”, é porque já está chegando à Fazenda. Trata-se de uma propriedade particular, sendo assim, logo que chegar lá haverá um restaurante onde as funcionárias irão te atender, cobrar a entrada (pagamos R$ 15 por pessoa) e liberar o caminho. Ao entrar, mais uma estradinha te leva primeiro a um mirante, que tem a vista da cachoeira de longe e de cima, e mais à frente está o estacionamento, total de 6 km. Deixe o carro ali e siga a trilha… primeiro pelas pedras, depois uma trilha de terra negra e depois uma longa escadaria que leva até os pés da cachoeira.
A Cachoeira do Mosquito fica entre cânions, uma linda queda de água com cerca de 50 metros de altura que forma uma piscina de águas geladas. No dia que fomos a queda estava mediana, visto que fazia meses que a região estava sem chuva, o que não impactou na beleza do lugar. Uma pequena área de areia clara serve para os visitantes se aquecerem ao sol depois de um mergulho gelado nas águas cristalinas da cachoeira, que ganhou o nome de Cachoeira do Mosquito por conta das pequenas pedras de diamantes que haviam no local na época de extração, por serem muito pequenos os diamantes encontrados, eram chamados de mosquitos.
Gostamos muito dali e só não ficamos mais tempo porque tínhamos muito ainda que conhecer pela região. Na volta a trilha é toda de subida, o que cansa um pouco, mas nada muito difícil, pode ser feita tanto por idosos quanto por crianças, e também pelos sedentários, é só dar uma paradinha e outra, após subir dezenas de degraus. Ao sairmos da cachoeira fomos até o restaurante e nos surpreendemos com a boa estrutura. Comida caseira, por quilo, saborosa e a preço justo. Ao final ainda tomamos um cafezinho e comemos rapadura descansando em uma das redes do lugar. Super indicamos.
Fazenda Pratinha
O caminho para a Fazenda Pratinha é, se sair de Lençóis, ao invés de pegar a BR-242 sentido Salvador, vire à esquerda sentido Seabra. Siga por cerca de 38 km, vire à direita sentido Iraquara. (Fique atento às placas de sinalização das cidades que estamos falando, pois, nestes trechos não há nenhuma placa que oriente aos pontos turísticos. Aliás, algo muito estranho para uma região tão turística, mas descobrimos por alguns donos de propriedade que eles até investem nas placas, mas elas são retiradas pelos guias locais, que querem ser contratados pelos turistas. Não sabemos se isso é verdade, mas que é muito estranho mesmo as cidades não investirem em placas, é.). Bom, já na estrada sentido Iraquara, siga por aproximadamente 15 km, ali haverá uma placa para virar à direita sentido Pratinha. Serão mais 7 km aproximadamente até o vilarejo de Santa Rita, lá tem as placas a serem seguidas para a Pratinha, mais 8 km e você chegará na Fazenda Pratinha.
Na Fazenda Pratinha estão duas atrações da Chapada, a Gruta Azul e a Gruta e rio Pratinha, a entrada custa R$ 30 por pessoa. A Gruta Azul é apenas para visitar e olhar, trata-se de uma gruta com uma água de cor azul incrível, mas que não é possível fazer flutuação. Para ter uma visão privilegia na gruta, há alguns horários em que o sol entra por uma fresta e incide na água, deixando-a com um azul ainda mais intenso. Nós chegamos na fazenda bem no horário deste espetáculo. Depois fomos para a parte do rio Pratinha e da gruta. Essa gruta, com águas mais transparentes, permite a flutuação com roupas e equipamentos de mergulho, os interessados deverão pagar um valor extra para essa atividade. Nós não fizemos o mergulho, mas ficamos ali admirando a beleza das águas. Águas essas do rio Pratinha, esse sim, em meio ao verde da fazenda, é livre para nadar, mergulhar com snorkel, sem equipamento e sem custo adicional. Ali, peixinhos nadam ao seu lado e podem ser vistos de cima, mesmo sem máscara de mergulho, de tão transparente que são as águas do rio.
Além das atrações, a Fazenda Pratinha possui uma estrutura de restaurante/café e pousada, tudo para tornar a experiência dos visitantes ainda melhor. Uma dica? Se tiver mais dias na Chapada, deixe um dia ou uma tarde inteira para lá, para curtir ao máximo a estrutura e as belezas do rio, como se estivesse na praia.
Morro do Pai Inácio
Saímos correndo da Fazenda Pratinha para tentar chegar ao Morro do Pai Inácio, cartão postal da Chapada Diamantina, a tempo de ver o pôr do sol. Para quem sai de Lençóis, pegue a BR-242 sentido Seabra por aproximadamente 10 km. Como referência, assim que ver do lado esquerdo da pista a Pousada Pai Inácio, ao lado de um posto de gasolina desativado, vire a próxima estradinha de terra à direita. Siga por mais alguns metros até chegar aos pés do morro, ali haverá uma coberturinha onde há a cobrança de R$ 6 para subir.
Chegamos lá faltavam uns 10 min para o sol se pôr, subimos os 300 metros de escalada tão rápido que nem percebemos se era longe ou perto. A subida, com calma, não é muito difícil, mas tem uma parte de subida em pedras, por isso, quem tem dificuldade de locomoção pode precisar de ajuda. Chegando lá em cima é quase plano, algo bem interessante quando pensamos em montanhas. De lá esperamos o pôr do sol, que realmente é lindo. Fique atento para descer antes de escurecer por completo, nós demoramos um pouco lá em cima tirando fotos e, quando descemos, já estava quase noite. Não há iluminação nenhuma, então, se estiver escuro será muito difícil descer pelas pedras.
Dia 3
Gruta Torrinha
Para chegar na Torrinha é como ir para a Pratinha, saia de Lençóis e pegue a BR-242 sentido Seabra por 38 km, vire à direita na estrada sentido Iraquara. Já na estrada sentido Iraquara, siga por aproximadamente 13 km, ali haverá uma placa para virar à esquerda numa estradinha de terra, mais 1 km e chegará na Torrinha. A entrada para visitação na Gruta Torrinha custa de acordo com o roteiro escolhido e quantidade de visitantes. Nós escolhemos o roteiro 3 (o mais completo) ao custo de R$ 40 por pessoa e fomos somente nós dois e o guia, achamos um pouco caro, mas já que é uma das grutas mais diferentes do mundo, seguimos em frente. Um guia faz a visita que dura aproximadamente 2 horas. Quem nos acompanhou foi o guia Clóvis, o mais experiente, com mais de 22 anos de trabalho na Torrinha. Foi algo indescritível, iniciamos a aventura com capacete e lanterna, aliás, muitas lanternas, segundo o guia ter muitas lanternas e pilhas de backup é essencial, pois é a única forma de conseguirmos sair de lá. E por curiosidade, apagamos as lanternas lá dentro e sabe o que vimos? NADA. É um breu total, não dá pra ver nem a própria mão, acho que nunca vimos aquele escuro na vida. Nem quando acaba a luz da rua, sabe?
Seguimos por 4 km (ida e volta) sob 75 metros de profundidade. Em alguns momentos nos arrastamos entre as rochas, tudo para chegarmos às estalactites e estalagmites formadas dentro da caverna, e fomos até o salão de cristal, onde as rochas têm um brilho ainda mais especial que parecem reluzir. Foi realmente um passeio muito diferente e nosso guia Clóvis, que conhece a caverna como a palma da mão, foi primordial para que essa experiência fosse ainda mais rica e inesquecível.
Mucugezinho e Poço do Diabo
Saímos da Torrinha rumo a conhecer mais atrações da grande Chapada e aproveitamos algumas que estavam no caminho de volta para Lençóis, o rio Mucugezinho e a cachoeira Poço do Diabo. Saindo de Lençóis, pegue a BR-242 sentido Seabra por aproximadamente 7 km, estacione no Restaurante Mucugezinho que fica na beira da estrada, do lado direito. Para acessar as cachoeiras, entre no restaurante e desça a escada que fica atrás dele. Siga a trilha e irá chegar no Mucugezinho, ali já há uma piscina nas rochas. Seguindo pela beirada do rio, numa trilha sobre as rochas, você chega até a cachoeira Poço do Diabo. Ela já é bonita vista de cima, e suas águas escuras tem a ver com o nome dado ao lugar.
Dia 4
Poço Azul e Poço Encantado
Essas duas atrações ficam “próximas”, por isso, quando for programar a visita a uma delas, já aproveite para seguir um pouco mais e ir na outra. Para chegar saindo de Lençóis, pegue a BR-242 sentido Salvador por aproximadamente 35 km, entre à direita na BA-142 sentido Andaraí por 18 km. Depois saia à esquerda sentido Redenção, por mais 21 km, vire à direita numa estrada de terra por mais 8 km, até avistar a placa que indica o Poço Azul. Quando chegamos na propriedade, havia um grupo grande de visitantes e teríamos que esperar cerca de 50 min para poder descer na gruta e flutuar nas suas águas azuis. Como também queríamos ir no Poço Encantado e também há horários específicos da luz do sol, desistimos de esperar e seguimos viagem para o Poço Encantado.
Tivemos que encarar um rio, isso mesmo, atravessar de carro o rio Paraguaçu, veja o video. Claro que ele estava baixo, mas para garantir eu (Luciana de Paula) fui na frente a pé para ver se realmente a água não ia passar do joelho, ficou na canela em alguns pontos um pouco mais… Após o rio siga pela estradinha de terra, assim que tiver um Y siga pela esquerda e vá em frente por uns 20 km até chegar na rodovia e vire a esquerda, siga mais um pouco e já vai ter uma plaquinha indicando o Poço Encantado, siga à direita numa nova estrada de terra por mais 3,5 km.
No local há estacionamento e um restaurante. A entrada custa R$ 20 por pessoa, e a visitação é feita em cerca de 20 minutos, pois não é liberada a flutuação. Um guia lhe entrega os capacetes com lanterna e desce com o grupo por uma longa escadaria, lá embaixo a vista é linda, e tivemos a sorte de chegar a tempo de ver a incidência do sol na água, que a deixa com uma cor ainda mais incrível.
Saindo dali, acabamos desistindo de voltar para o Poço Azul e seguimos para a cidade de Ibicoara, cidade mais próxima da Cachoeira do Buracão e que fica cerca de 215 km de Lençóis.
Dia 5
Cachoeira do Buracão e cidade de Mucugê
Chegamos na pequena Ibicoara no final do dia, assim que chegamos fomos em busca de onde dormir e de um guia para nos levar à cachoeira no dia seguinte. Esse foi o único serviço de guia que contratamos na Chapada, isso porque para esse roteiro é obrigatório, o acesso não é liberado para quem chegar sozinho à portaria da propriedade, sendo assim, nem arrisque. A Ana Paula da pousada nos ajudou indicando o guia André Rhomero, ligamos para ele e deixamos combinado dele nos encontrar na pousada no dia seguinte às 7:00hs. E lá estava ele, pontualmente. Seguimos no nosso carro, pois o custo para ir com o carro do guia aumenta ainda mais. Fomos por uma estrada de terra por cerca de 28 km até chegar na portaria, além do valor do guia de R$ 100 é cobrada uma taxa de R$ 6 por pessoa, que inclui o empréstimo do colete para flutuação. O André nos guiou por uma trilha que por si só já é uma atração, com rochas e cachoeiras. Ao final descemos uma escada de madeira até chegar nos cânions de acesso à cachoeira do buracão. Ali colocamos os coletes e seguimos por flutuação entre os paredões até chegar no final, onde o grande espetáculo, que chamo “a cereja do bolo” da Chapada, estava lá exuberante nos esperando: a Cachoeira do Buracão.
Uma vista incrível, são 85 metros de queda de águas cristalinas num poço de mais de 40 metros de profundidade, e ir chegando mais e mais perto é uma adrenalina só. Já lá embaixo da queda a força da água caindo sobre sua cabeça parece uma chuva de granizo, algo que te lava a mente e a alma. Veja o vídeo. Uma sensação de alegria, de liberdade, de êxito. Chegar ali é como chegar a um pedacinho do paraíso escondido entre as rochas. Ali lembramos como a natureza é perfeita e como ainda conhecemos pouco de tudo que Deus nos brindou ao criar esse mundo. Nós fomos os primeiros a chegar neste dia, foi como ter a natureza só para nós, ficamos ali por algum tempo até começarem a chegar mais visitantes.
Depois dessa maravilhosa experiência na Cachoeira do Buracão, começamos a seguir o caminho de volta. Paramos na cidade de Mucugê para almoçar e decidimos ficar por ali por aquela noite, mais uma noite na Chapada antes de seguir nossa viagem pelo Brasil. Mucugê nos conquistou, toda decorada para o São João, com bandeirolas coloridas e cortininhas de chita por todas as janelas das ruas principais. Infelizmente não estaremos ali nas festividades juninas, mas foi muito gostoso curtir esse clima de São João no interior nordestino. Para nossa surpresa, e por ser bem no dia 13 de junho, acordamos de madrugada com fogos e cantos da procissão que levava os fiéis para a adoração de Santo Antônio. A fé mais uma vez nos mostra sua força e perseverança pelas cidades que passamos.
Super dicas:
– Como chegar: De Salvador cerca de 450 km, siga pela BR-324 por 97 km até Feira de Santana, então acesse a BR-116 e siga por 117 km, então pegue a BR-242 por 128 km até a saída para Lençóis.
– De olho no tempo: A Cachoeira da Fumaça estava sem água durante a nossa viagem à Chapada Diamantina, pesquise se houve chuva na região para confirmar a visita a essa atração. A Cachoeira do Buracão estava com pouca água, o que é excelente para acessar os cânions, quando está chovendo muito não é possível chegar debaixo da cachoeira.
– Imperdível: Fizemos a nossa programação a partir do muito que pesquisamos e das conversas que tivemos com os moradores e com turistas na região. Sabemos que não fomos em nem metade das atrações que o lugar oferece, mas ficamos bem satisfeitos com tudo que tivemos a oportunidade de visitar. Se tivermos que listar os mais significativos, que para nós são realmente imperdíveis são: Fazenda Pratinha, Gruta da Torrinha, Morro do Pai Inácio, Cachoeira do Mosquito e Cachoeira do Buracão. As outras também foram incríveis, mas essas são imperdíveis.
– Onde ficar: a cidade de Lençóis possui muitas opções de hospedagem, desde camping até pousadas mais chiques. A Pousada Amarela, onde ficamos, é bem simples, mas muito aconchegante e tem um ótimo custo benefício, além de donos muito simpáticos e um café da manhã delicioso.
– Estadia em cidades diferentes: A Chapada Diamantina é imensa e, se tiver a oportunidade, escolha quebrar sua estadia em cidades diferentes que ficam mais próximas às atrações. No nosso caso, ficamos a maior parte o tempo em Lençóis, de onde o acesso é mais fácil ao Morro do Pai Inácio, Mucugezinho e poço do Diabo, Cachoeira do Mosquito e as diversas atrações da cidade de Lençóis. Dali também é fácil ir para Pratinha e Torrinha, mas é um pouco longe, quem sabe ficar na cidade de Iraquara seria mais prático. Para a Cachoeira do Buracão pode-se ficar em Ibicoara, como nós, ou em Mucugê, que fica a 100 km.
– Guia para a Cachoeira do Buracão: É imprescindível a contratação de um guia para essa atração e nós tivemos a sorte de contratarmos o André Rhomero, um ótimo guia e uma pessoa iluminada. Mais do que nos guiar, ele tornou a nossa experiência única, com suas informações e cuidado. Quem quiser contata-lo quando for lá segue o telefone dele (71) 99234-5827, certeza que vão comentar aqui depois que adoraram.
– Acesse os posts das outras Chapadas do Brasil, Chapada dos Veadeiros e Chapada dos Guimarães.
– Estivemos na Chapada Diamantina em Junho de 2016.
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