O Jalapão é bruto
Estávamos apreensivos em encarar a rodovia Belém – Brasília, e a longa distância que teríamos pela frente, e nos surpreendemos com uma estrada de pista simples mas com bom asfalto. Seguimos em direção à Palmas, e foi na capital do Tocantins que fizemos uma importante parada para descanso e para fazer mais uma revisão do carro.
Palmas é uma cidade planejada, bonita de se ver, apesar do calor intenso. Mas o que mais nos surpreendeu ali foi que mesmo grande e estruturada a cidade parece deserta.
Em nossa estada aproveitamos para conhecer o Palácio do Governo, que fica na famosa Praça dos Girassóis, a segunda maior praça do mundo. Lá fomos muito bem recebidos para um tour interno guiado pela Tamires. E no final de tarde fomos curtir o lindo pôr do sol às margens do rio, na praia da Graciosa.
De Palmas seguimos para o interior do Tocantins rumo ao famoso Jalapão. Até buscamos com as agências de viagens da capital possibilidades de pacotes, mas as poucas que ofereciam o destino tinham disponibilidade para dali uma semana ou até quinze dias.
Decidimos seguir em nosso carro até a cidade de Ponte Alta do Tocantins, porta de entrada do Jalapão. Chegando lá começamos a busca por passeios e descobrimos que o que tem ali são guias autônomos, ou nas pousadas, que cobram entre 700 e 800 reais por dia de expedição. Inicialmente nos pareceu um absurdo de caro, então rodamos a cidade e nos deparamos com um preço quase que tabelado.
Para conhecer as principais atrações do lugar é necessário, no mínimo, de dois a três dias. Isso quer dizer 2 x 800 reais no mínimo. E para nós 1.600 reais em um passeio estava fora de cogitação. Já estávamos desistindo de conhecer o Jalapão quando passamos por uma pousada para ver lugar para dormir aquela noite e o Clau viu dois rapazes chegando de taxi. Ele nem pensou duas vezes e logo foi perguntando se eles já tinham pacote de passeio e se oferecendo para irmos todos juntos e dividir os custos. Acho que eles se assustaram um pouco com a nossa abordagem, então logo fui falando no nosso blog e entreguei um cartão para que vissem que não éramos doidos (e perigosos). Eles pediram para pensar e, alguns minutos depois, disseram que topariam dividir o passeio conosco. Acabou que nos ajudamos, pois ali os guias cobram o valor por diária, independente se para um ou quatro turistas. O valor dividido por quatro pessoas pesa menos e parece bem mais justo. Bom, fizemos dois novos amigos, o Henrique e o Leandro, gaúchos de Arroio do Meio.
No dia seguinte iniciamos nosso passeio pelo Jalapão e descobrimos que sim o Jalapão é bruto. Começamos pela Cachoeira da Velha, que lugar incrível. Nunca havíamos visto uma cachoeira tão intensa fora as Cataratas do Iguaçu. Seguindo em frente fomos para a Prainha do Rio Novo, uma praia de rio linda e que seríamos capazes de ficar ali por dias curtindo suas águas geladas.
Ao final do dia fomos ver o pôr do sol nas famosas dunas douradas do Jalapão. Uma vista deslumbrante de areias oriundas das rochas e que se movimentam com o vento.
Nosso último destino do dia foi a cidade de Mateiros, que fica a 180 km de estrada de terra (daquelas de rally), para passarmos a noite. Lá dormimos na simples pousada da dona Neide (Pousada Tavares) e jantamos no restaurante da dona Rosa.
O dia amanheceu e saboreamos um delicioso café da manhã regional na Pastelaria da Deusa e seguimos para as próximas atrações. A primeira parada foi na comunidade Mumbuca, conhecer os artesãos que trabalham com o famoso capim dourado.
O próximo destino foi o impressionante Fervedouro do Ceiça das Bananeiras. Algo que nunca tínhamos visto na vida. Um poço de águas cristalinas em que você vai sendo engolido pela areia até os joelhos e a água borbulha como uma panela fervendo, mas não é quente, e você nunca afunda. O valor de R$ 20 por pessoa é cobrado, pois se trata de uma propriedade particular.
Outro lugar incrível foi a cachoeira da formiga. Águas absurdamente cristalinas que formam uma piscina que se pode ver cada tronco e pedra no fundo. O valor de R$ 20 por pessoa é cobrado, pois se trata de uma propriedade particular. Passamos uma tarde maravilhosa relaxando neste lugar e depois voltamos para Ponte Alta.
No caminho de volta o carro (uma Pajero) teve um problema na barra estabilizadora, que inclusive o Clau e o guia Luiz tiraram para não correr o risco das batidas quebrarem outra peça. E aí a resposta a uma pergunta que nos fizemos antes de contratar o guia e que muitos viajantes se fazem: será que o alto valor dos passeios do Jalapão compensa? Sim, cada centavo. Tivemos a certeza de que, mesmo se nosso carro fosse um 4×4, não o colocaríamos nas estradas do Jalapão. O risco é alto de estragar e ficar “ilhado” em um lugar bruto e totalmente deserto.
O Jalapão é incrível, um dos lugares mais rústicos que estivemos, pouco explorado, quase nenhuma estrutura, mas perfeito para contemplar a natureza. Uma grande e inesquecível aventura offroad, lembre-se “O Jalapão é bruto” (e lindo).
Super dicas:
– Como chegar: A porta de entrada do Jalapão é a cidade de Ponte Alta do Tocantins, que fica a cerca de 200 km de Palmas. A aventura para o Jalapão começa por ali. Não esqueça do guia com um bom carro 4×4, pois, à partir dali até as atrações que ficam entre as cidades de Ponte Alta do Tocantins e Mateiros, a distância é de 180 km por estrada de chão extremamente esburacada. Indicamos o guia Luiz, fone 63 8454-6303, se fechar com ele, mande um abraço nosso.
– Onde Ficar: Em Ponte Alta indicamos a pousada Beira Rio, simples, mas com ótimo custo benefício. Em Mateiros indicamos a pousada Tavares da Neide.
– O que fazer: Para nós, todas as atrações são incríveis, cada uma delas com sua particularidade, as dunas douradas, a prainha do Rio Novo, a cachoeira da Formiga e o impressionante Fervedouro.
– Estivemos no Jalapão em Agosto de 2016.
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